sábado, 14 de fevereiro de 2009

O caso das malas desaparecidas (ainda no aeroporto brasileiro)

Dia sete de fevereiro, por volta da uma e meia da manha eu embarcaria de Sao Luis para Brasilia e chegaria na capital brasileira por volta das 4h. No aeroporto de Brasilia me encontraria com meu pai as 10h e pegaríamos junto o vôo para Buenos Aires.

"Seis horas no aeroporto?" era o que me indagava a ?agente de viagens? (muito dias antes quando a gente foi comprar as passagens) se eu nao me incomodava em ficar tantas horas esperando o próximo vôo no aeroporto de Brasília. Respondi que nao, nao tinha problema, poderia sim comprar a passagem daquela forma, ja tinha esperado mais tempo que isso e ficar tanto tempo aguardando no aeroporto nao me incomodava.

No dia da viagem, embarquei por volta da uma e meia da manha no aeroporto de Sao Luis. E para nao ficar aquela noite sem dormir tentei entrar no sono dentro do aviao da Tam o pouco tempo que separava o voo da capital maranhense para Brasilia, porém nao obtive sucesso.



Quando o aviao chegou em Brasilia, observei pela décima vigésima vez na minha vida aquela cena típica de quando o aviao pousa: assim que apaga o aviso de atar cintos as pessoas desesperadas para ir embora levantam de suas cadeiras e começam a se expremer no corredor do aviao. Toda vez é a mesma coisa, e toda vez existe uma certa demora entre a permissao de tirar os cintos e a hora em que a porta do aviao é aberta, ou seja, as pessoas se levantam para ficar um bom tempo esperando de pé até abrirem a porta do aviao, podendo muito bem está sentado no conforto da sua poltrona e levantar-se somente quando a fila no corredor começar a se movimentar, ou seja, no momento quando abrem as portas.

É nessa hora um dos momentos que mais me divirto no aviao, fico sentado confortavelmente na minha poltrona observando aquele povo se expremendo numa fila que nao se movimenta e fico torcendo para que demorem o máximo possível para abrirem a porta de saída, só para alimentar minha felicidade sádica. Infelizmente dessa vez demoraram apenas alguns poucos minutos para abrirem a porta. Assim que a fila começou a se movimentar, levantei da minha cadeira e seguir o fluxo em direçao ao aeroporto.

Eram por volta das quatro da manha. Desci para o primeiro piso do aeroporto onde eu deveria pegar minhas malas. Das três grandes esteiras que tem no aeroporto de Brasília, apenas uma estava funcionando, entao nao tinha erro: era só ficar parado ali que uma hora ou outra minha mala apareceria. A esteira começou a rodar e passava tudo quanto é tipo de bagagem, desde bolsas rosa-choque até caixas de cerveja, porém nada da minha mala.



Caracas, porque entre tantas malas, a minha sempre tem que ser a última?! Fiquei observando o povo feliz pegando suas malas e indo embora e a cada minuto que passava o local ia esvaziando, tanto de malas, quanto de pessoas. Quando sobrou apenas uma meia dúzia de pessoas no local e quase nenhuma mala na esteira (das quais nenhuma era a minha) caiu a ficha: "teria minha mala sido extraviada?". Caramba, foi só inventar de fazer uma viagem para Argentina e já sou roubado antes mesmo de chegar lá? Hermanos hijos de uma p***!

De repente observei aquele salao enorme onde eu estava ficar vazio, nao tinha mais uma alma viva no local. Das três grandes esteiras que tinha por lá, apenas a minha rodava, porém sem malas! Droga, nao tinha ninguem próximo para me dá uma informaçao. Já que eu estava em uma situaçao ruim, nao custava nada piorar. Passei por cima da esteira rolante e entrei naquele espaço interno dela (devido a curva que ela faz) e uma vez lá dentro me encostei no vidro que dá para enxergar a parte de fora do aeroporto (e inclusive os caminhoes que deixam as bagagens na esteira rolante) vendo se eu achava algum bagageiro para me dá uma informaçao. Pior que a idéia deu certo! Apesar do lugar está vazio, no mesmo instante apareceu um segurança para me abordar (nem imagino de onde ele surgiu) : "O que está fazendo aí?"

Retornei passando de volta novamente por cima da esteira e indo ao encontro do segurança. Expliquei a situaçao e ele pediu para ver a minha passagem. Entreguei ela, ele deu uma olhada e respondeu "Suas malas você vai receber só em Buenos Aires!". Ah, entao era isso, quer dizer que eu nao tive nada roubado, tá tudo guardadinho para eu receber na Argentina, que engraçado, nao? O segurança parecia não parecia muito bem humorado naquela dia, devolveu minha passagem e foi embora.

Sair feliz do salao das esteiras, ja eram umas quatro e meia da manha. Nessa hora lembrei que ficaria o absurdo de cerca de seis horas no aeroporto aguardando o proximo voo. Nao me preocupei, como eu ja havia afirmado para a ?agente de viagens?, aguardar no aeroporto nao me incomodava. Nenhuma demora incomoda quando se pode fazer diversas coisas interessantes, como por exemplo... ler, comer e dormir! (nao necessariamente nesta ordem... uahua).

Nesta hora percebei que a dimensao do problema dos sumiços das malas era maior do que eu pensanva, nao poderia ler porque nao tinha nada em maos, nao poderia comer porque a carteira de dinheiro tinha ficado com as malas e nem mesmo poderia... dormir!
já que o aeroporto nao tem um lugar adequado para tal, e para dormir normalmente deita-se no chão (ou em qualquer outro local) apoiando-se a cabeça na mala.

Seis horas no aeroporto! E nem dormir eu poderia... estava naquele momento exausto de fome (nao tinha um tostao para comer pelo menos um mísero pao de queijo) e exausto de sono (ainda nao tinha dormido naquela noite) e ainda teria que aguardar mais seis horas naquela situaçao (malditas malas que ficaram retidas). Se nao tem cão, caça-se com gato. Se nao tinha dinheiro para comer, pelo menos dá um jeito para dormir era de graça.

Fui para uma parte externa do aeroporto e deitei em uns bancos tentando me acomodar,
mas o banco era de pedra e incomodava muito. Saí de lá e fiquei vagando por diversas partes e andares do aeroporto para ver se encontrava um local melhor para se deitar, a soluçao veio com um corredor do segundo andar, tinha várias mesinhas de madeiras (que dividiam algumas fileiras de três em três cadeiras) bem grandes e só um pouquinho acima da altura do chão. Já eram cinco horas da manha, resolvi que iria deitar ali mesmo (bem mais confortavel que um banco de pedra rsrsrs) e tentar ficar o maximo de tempo lá até que um outro segurança mal-humorado me incomodasse.

Para minha surpresa, ninguem me incomodou, consegui até adormercer deitado ali, quando eu olho no relógio já era uma noves horas, graças a deus! Consegui passar meu tempo lá, agora era só seguir para o embarque internacional, me encontrar com meu pai e aguardar mais alguns minutos para entrar no aviao: depois de algumas horas estaria em Buenos Aires!
:)

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