Depois da "pequena" (rsrs) apresentação do bairro La Boca, dessa vez vamos para uma introdução ao "Hostal de La Boca", aquele que seria o nosso novo lar durante os nossos divertidos dias em Buenos Aires =)
De início, fica a questão: O que seria um Hostal?
Para chegarmos na resposta da pergunta é necessário falar de coisas que atencederam nossa viagem. Quando ainda estávamos no Brasil, nós demos uma boa pesquisada na internet sobre os mais diversos assuntos a respeito da Argentina, afinal era um local que nós nunca tínhamos ido e, em princípio, nem fazíamos idéia do que fazer por lá. O razão principal de nós termos escolhido este destino, não foi o fato de nós nos encantarmos com o tango, ou sermos fãs do Maradona ou, ainda, admirarmos a Evita Peron. O motivo principal foi porque ganhamos - a partir de milhagens da TAM - uma passagem para qualquer país da América do Sul. E já que nossa curiosidade de conhecer o Paraguai não era tanta assim, e nem nos interessamos em viajar para o Suriname, só nos restou a opção de escolher a Argentina heheh ;)
Como estávamos viajando meio por acaso, uma pequena pesquisa - sobre o país para onde estávamos indo - era algo mínimo a se fazer para pelo menos voltarmos vivo ao Brasil (para quem ainda não conferiu, as partes mais interessantes desta "pesquisa" foram reunidas neste post aqui). E durante essa pesquisa notei que muita vezes (principalmente em comunidades do orkut) as pessoas escreviam um estranho "Hostel" (com um "s" no meio) no lugar de "Hotel". Em um primeiro momento, essa forma diferente de escrever parecia apenas um erro de digitação, depois devido a quantidade de vezes que esse erro insistetemente se repetia comecei a achar que hostel era nada mais do que hotel em espanhol (uhauhau). Somente mais tarde fui sacar o que realmente era um hostel.
Então, o que seria um "hostel"? Digamos, que é um local que tem de tudo para ser um hotel, hospeda pessoas como um hotel, cobra diárias como um hotel, lembra um hotel assim como um hotel, MAS NÃO É UM HOTEL!
E como não pode chamado como tal, chama-se de hostel. Deu para sacar? heheh... Talvez fazendo uma comparação fique mais fácil de entender, é algo semelhante a um fusca, ou então ao Corinthians: tudo nele lembra um carro, ou lembra um time, mas assim como fusca não é carro, Corinthians não é time, hostel não é um hotel!
Traduzindo do espanhol para o português, hostel seria algo aproximado ao que chamamos de albergue. Ou seja, uma alternativa barata de hospedagens para estudantes sem grana, viajantes pobres, aventureiros, ciganos, hippies, traficante de orgãos ou pessoas que são pegas de surpresa (e sem dinheiro!) por uma passagem gratuita da TAM. Como não estava no nosso plano uma viagem dessa, mas mesmo assim não queríamos perder uma passagem grátis (pô, de graça até busão pro lado errado!) valia a pena cortar os custos para viajar. E acredito que nada seja mais desnecessário em uma viagem do que se hospedar em um confortável hotel (afinal, o bom de sair de casa e viajar não é ficar dormindo no quarto, né?)
Explicado o que seria um Hostel, não foi respondida a pergunta do início do post, portando o que seria um "Hostal"? (o tipo de hospedagem onde ficamos). Assim como existe algo que chamam de hostel porque não pode ser chamado de hotel, hostal seria algo ainda mais abaixo, que como não pode ser chamado nem mesmo de hostel, chama-se de hostal. Brincadeira uahuah... até hoje não sei direito o que seria um hostal (para ser sincero só fui perceber que o nome era "Hostal de la Boca" e não "Hostel de la Boca" quando cheguei no Brasil hehe), mas na verdade é tudo a mesma coisa, já que ambos são albergue mesmo rsrsr
Cena de "O Albergue" - Filme de terror produzido em Hollywood
Depois da descrição sobre o Bairro La Boca e o que seria um hostel (ou "hostal"?) voltamos à cronologia normal do Blog. Após o percurso do aeroporto de Buenos Aires até o albergue com o taxista fanfarrão, chegamos ao nosso hospitaleiro "Hostal de la Boca". Na ocosião, a primeira diferença que percebemos de um albergue para um hotel, foi a ausência de uma recepção. Em vez de uma sala para aguardarmos sentado no sofá enquanto calmamente aguardamos nossa vez no atendimento, nos deparamos com uma singela campainha e ficamos esperando com as malas no lado de fora do prédio.
Após um pequena insistência na campainha, ouvimos o barulho na fechadura e uma pessoa com uma chave semelhante àquela chave de guarda roupa antigo (ou daquelas masmorras medievais) abriu a porta do hostal. Essa pessoa que nos recepcionou, era um espécie de faz-tudo do albergue: era recepcionista, administrador, informante turístico, tesoureiro... e nas horas vagas ainda era amigo para festa! O rapaz chamava-se Damián, um argentino muito gente fina que mais tarde - no nosso convívio com o albergue - se tornaria muito familiar para a gente.
Adentrando o albergue não havia sala, recepção ou semelhante, o local se resumia um enorme corredor que ia da portaria até o quintal, ou então escadas para os pisos superiores (que dava acesso a outros locais com o mesmo padrão, um enorme corredor retilínio - com várias portas anexas). Importante citar uma característica exclusiva daquele hostal: o seu colorido chamativo presentes nas paredes (tanto externas quanto interna) que é uma referência à (diversas vezes mencionada no post anterior) "personalidade" excêntrica do bairro La Boca.
Eis o Damián
Normalmente em albergue, é comum - como uma alternativa mais barata de hospedagem - um único quarto possuir várias beliches alinhadas (parecendo aquelas acampamentos militares de filme americano) e você ser obrigado a dividir o recinto e inclusive o banheiro(!) com outros desconhecidos, muitas vezes caracterizados por costumes escabrosos. Mas não foi dessa vez que descemos a esse nível rsrsr, apesar de estarmos pagando barato ficamos em um quarto-suíte privativo.
Depois de ser conduzido pelo Damián até o segundo andar, pudemos finalmente conhecer o nosso quarto: duas camas, um armário antigo, o sol entrava por uma pequena janelinha na parte de cima e um banheiro. Mas que banheiro! Era exatamente o oposto daquele banheiro que você idealiza encontrar em um hotel, banheirinho pequeno, tudo junto sem separação de box, sanitário daquele que se puxa a cordinha e dito cujo era tão estreito que o sanitário e a pia (um do lado do outro) quase se encostavam (mas graças a Deus, ambos eram asseados). E o chuveiro que saía da parede ficava quase em cima do sanitário!
O mais complicado de tomar banho naquele banheiro era arranjar um local para pendurar a roupa sem que ela molhasse. Já quanto ao quarto, era inevitável alagar após cada banho que tomávamos, visto que que o chão dele e do banheiro eram do mesmo nível e a porta não encostava no piso para impedir a saída de água. O pequeno pano de chão que colocávamos na saída do banheiro não era suficiente na tentativa de impedir que o quarto fosse alagado. A descarga então era um caso a parte, não podia-se usar toda hora, pois depois de cada descarga ele ficava intermináveis minutos carregando (quase meia-hora!), com um incômodo barulho de água passando por enorme cano que ficava exposto no teto.
Outra coisa que observamos depois, era que o quarto não possuía lixeira! Nenhuma, nem mesmo no banheiro! Além do albergue não fornecer serviço de camareira, café da manhã, itens como papel higiênico, sabonete ou toalha... para oferecer aquele preço mais camarada eles não tinham trabalho nem mesmo com o recolhimento de lixo! Já que para isso nem lixeira o quarto possuía ehehe (nesse caso tivemos que nos virar improvisando com sacos plásticos)
A principal área comum do albergue era a cozinha, óbvio que não tinha nenhum funcionário para lhe atender (afinal, o nosso amigo "faz-tudo" Damián podia ser versátil nas suas funções, mas já é desumano querer que ele ainda fosse cozinheiro, garçom e lavador de prato rsrs) e não havia nem mesmo comida por lá! Quem quisesse que se virasse e comprasse seu miojo na quitanda, porque um pequeno fogão ficava disponível ali para quem quisesse ferver seu macarrão instantâneo. Sobre a pia encontrava-se uma pequena quantidade de talheres, porém deveriam ser lavadas logo em seguida por quem as utilizasse. A cozinha era pequena e quando tinha muita gente, o espaço era pouco. Mas nela o que mais me marcou mesmo foi a geladeira, que - de tão velha - não usava ímã e sim um antigo sistema de manivelas, algo que nunca tinha visto em minha vida! (mas, que por incrível que pareça, ainda funcionou bem)
Apesar de tudo, nossa estadia no albergue não foi tão ruim, situações como essa já eram esperadas e depois de alguns dias mudamos para um quarto melhor (que tinha janela grande e não alagava após o banho!). E pondo todos os pesos na balança, diria que a experiência no albergue foi até positiva, pois nele encontramos algo que não vemos em hotel e dinheiro nenhum paga: uma boa convivência. O convívio no albergue, ao contrário do que normalmente acontece em um hotel, não se resumia a um "boa noite" ou um "bom dia". Naquele ambiente mais acessível e informal, nos deparamos com os mais diversos tipos de pessoas, os hóspedes pareciam mais bem humorados, mais abertos a fazer amizades e o dia-a-dia era mais animado. Além de hóspedes, muito ali pareciam sobretudos amigos.
Entre o mais diversos tipos de pessoas que a gente conheceu (desde um turco mal-humorado até pessoas que aparentemente ganhava a vida fazendo malabarismo no trânsito), entre o animado churrasco organizado pela galera, entre o bom humor do Damião (e dos hóspedes) e entre diversas outras coisas que vem à memória, poderia dizer que o Hostal de La Boca deixou inclusive saudade!
Fente do Hostal (Observe o colorido caraterísticos de edificações do Bairro La Boca!)
Uma visão parcial do grande corredor citado no texto (com visão do primeiro andar do hostal)
Um grande ponto positivo do Hostal era a sua privilegiada localização em Buenos Aires, próximo a quase todos os pontos turísticos, além de ter privilegiados pontos de ônibus, onde passavam dezenas de linhas para quase todos os lugares da cidade.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário